quarta-feira, 24 de junho de 2009

"(...) E sei que sou imortal,
sei que minha órbita não pode ser medida pelo compasso do carpinteiro,
sei que não apagarei como espirais de luz que crianças fazem à noite com graveto aceso.

Sei que sou sublime,
não torturo meu espírito para que se justifique ou seja compreendido,
vejo que as leis elementares nunca se desculpam,
percebo que não ajo com orgulho mais elevado que o nível onde planto minha casa,afinal.

Existo como sou, isso me basta,
se ninguém mais no mundo está ciente, fico contente,
e se cada um e todos estão cientes, fico contente.

Um mundo está ciente, e é de longe pra mim o mais imenso, eu mesmo,
e se chego a ser o que sou hoje ou em dez mil ou dez milhões de anos,
posso aceitá-lo agora mesmo com alegria, ou com a mesma alegria posso esperar.

Meu pedestal é encaixado e talhado em granito,
dou risada do que você chama decomposição,
sei da amplidão do tempo.

Sou o poeta do corpo,
e sou o poeta da alma.

Os prazeres do céu estão comigo, os pesares do inferno estão comigo,
aqueles, enxerto e faço crescer em mim mesmo... estes, traduzo numa nova língua.

WALT WHITMAN - CANÇÃO DE MIM MESMO (FRAGMENTO)

Nenhum comentário: